Ser pai de autista: ações e parcerias que fizeram e fazem a diferença!

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Antes de qualquer coisa é preciso deixar claro que o mais importante é o fato de ser pai. Seja de quem seja e independente das particularidades que por ventura seu filho venha a ter. A noção de paternidade traz no conceito uma ideia de infinito amor, portanto dá elementos fundamentais para que alguns percalços sejam superados.

Eu tenho três filhos: o mais velho com 15 anos, menino maravilhoso que por ter Síndrome de Asperger (um espectro autista) exige que tenhamos também cuidados especiais. O mais novo, minha pimenta, 7 anos e é (pelo menos não foi ainda avaliado) uma criança típica (usei o termo típica pois entendo que todos são normais, apenas com particularidades). E o filho do meio, com 10 anos que é uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Meu secundogênito foi diagnosticado com autismo, em Salvador, aos 2 anos de idade. É de conhecimento comum que o diagnóstico não é fechado (“não se bate o martelo”) até a criança completar 7anos. Todavia os indícios eram muito fortes e o diagnóstico acabou se concretizando. O fato que serviu para chamar minha atenção e da mãe dele foi o que mais tarde descobrimos se tratar de estereotipias (ações repetidas, movimentos repetidos), fato que nos fez ir à escola e questionar à professora se ela havia percebido algo e a indicação foi que sim. Depois de uma orientação da pediatra partimos para fazer a avaliação, processo intenso, caro e desgastante, pois não ficou apenas na questão psicológica ou neurológica, mas também foram feitos muitos exames laboratoriais onde necessitou, inclusive, da coleta de muito sangue.

Identificação positiva: passamos a levá-lo nas terapias. Fazia três toda semana: psicóloga, fonoaudióloga e a terapeuta ocupacional. Os resultados das ações terapêuticas foram sensivelmente visíveis, pois a fala se desenvolveu muito a partir da ação da “fono”, bem como os resultados das ações desenvolvidas pela Terapeuta Ocupacional. Nos primeiros anos essas ações foram relevantes com resultados importantes para a socialização do garoto, para a interação com os irmãos dentro casa no que tange às brincadeirasbem como no convívio em geral. Porém, a psicóloga (a segunda que ele teve) que também é psicopedagoga, teve uma participação essencial para dar funcionalidade a uma série aprendizados que estavam soltos na cabeça dele. Reiterou nele a importância da leitura, da escrita e da rotina.

Contudo, o melhor trabalho no desenvolvimento das potencialidades de meu garoto sapeca foi e ainda é feito pela mãe dele, pois o autismo tem uma parcela muito grande no social e, o indivíduo que recebe boas estimulações pode obter excelentes resultados, ou seja, mesmo que a escola e as terapias sejam muito boas, a família tem um papel crucial no desenvolvimento da criança. Tanto eu quanto a mãe além de buscarmos leituras especializadas no assunto, buscamos regularmente participar de formações na área, pois só com conhecimento, disposição e muito amor, será possível dar um futuro melhor para nossa(s) criança(s).

Por fim falar sobre ser pai de autista, me faz voltar ao início do texto quando destaquei que faz parte do pacote da paternidade o amor e nesse amor está embutida a força necessária para buscar a solução de alguns pontos. Eu afirmo categoricamente que meu guri me deu muito mais coisas positivas e relevantes do que eu dei a ele. Depois de um susto inicial, veio de dentro de mim um desejo de proporcionar a ele tudo que fosse necessário para que obtivesse evolução, progresso e autonomia. Nesse panorama vieram as leituras e em seguida o desejo de saber mais, me informar mais e de me graduar mais. Hoje eu costumo dizer que esse ser maravilhoso deu um sentido, um norte para minha vida. Por isso eu posso dizer que ser pais de autista, ou melhor, ser pai desse filho (de todos na verdade), é ser um pai feliz.

Kleber Ferreira Monteiro

– Especialista em Mídias nessa Educação pela Universidade Estádio do Sudoeste da Bahia – UESB;

– Licenciado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS;

-Técnico em Administração pelo Centro Educacional Senhora de Nazaré;

– Professor Efetivo da Secretaria da Educação da Bahia – SEC, lotado no Colégio Estadual Professor Carlos Valadares – CEPCV

 

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