O descaso à vida

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No Brasil, uma pessoa morre a cada 09 minutos. Esse é um dado estatístico apresentado pelo projeto Monitor da Violência do portal de notícias G1. Desde 2008 que morrem, ao menos 50.000 pessoas ao ano de acordo com o Atlas da Violência produzido pelo IPEA (IPEA, 2018). Diante destes números, observamos uma infeliz “NATURALIZAÇÃO” do ato mais ofensivo às normas e leis vigentes no mundo: matar alguém.
“DESPREOCUPADAMENTE”, o verbo matar acaba sendo conjugado por todos nós, independente de quem seja o autor, a vítima ou a plateia. E todos nós falhamos. E todos nós perdemos! Virou um ato tão corriqueiro em nosso cotidiano que passamos a “ACEITAR” a justificativa da morte a partir do envolvimento com a criminalidade.
Contudo, a morte não pode passar despercebida, acostumada, acomodada. Aqui na Bahia, no dia 09/06/2018, fomos noticiados com a morte de mais um cidadão. De mais um policial militar. Mas não se tratava de uma morte “qualquer”. O ódio nutrido pelos criminosos está tão grande e sem limites para com o outro que o que fizeram com o CB PM Gonzaga extrapolou qualquer longínqua aproximação das torturas do período medieval Se fosse um cidadão, de qualquer formação que não fosse a policial… todos os segmentos de proteção às minorias se estarreceriam com o ato brutal e a imprensa faria uma repercussão assustadora! Mas nesse caso… foi um policial. Tudo não passou de uma fatídica notícia.
Indignação? Revolta? Passividade? Mudança de foco? Violência gerando violência? Compaixão? Piedade? Conformismo? O que vem às nossas mentes?
Sei que a maioria da população compreende a importância da Instituição Policial, existente desde a primeira formação de sociedade; e que precisa – de forma justa e coerente – validar as ações positivas e reprovar as ações que, possam extrapolar do previsto e legal uso da força.
Infelizmente a PM trabalha como fiscal da sociedade, sobretudo, na tentativa (insuficiente pela forma e pela busca do resultado imediatista) de combater e enfrentar os atos ilegais daqueles que encaram a margem da lei como um lugar comum e preferencial (daí a expressão marginalidade) e extrapolam esses limites em razão da baixa – para não dizer rara – expectativa de punibilidade no Brasil.
Essas pessoas que se encontram à margem por diversas questões, não somente o “romântico e já ultrapassado” argumento do crime famélico (para garantir a subsistência, a alimentação) como fator propulsor da ilegalidade, jamais respeitarão a sociedade, a PM ou vão passar a compreender que estão cometendo atos ilegais e, por isso, se arrependerão… deixarão de delinquir… buscarão ingressar em uma Universidade… constituir renda apenas de vencimentos oriundos de fontes legais e legítimas.
O ser humano, em tese inteligente, racional, evoluído dos demais animais, está perdendo para si mesmo a possibilidade do respeito, da convivência, da amistosidade, da empatia e tantos outros sentimentos e atitudes que minha consciência me tomou.
Há cada 10 anos o crime se potencializa e cresce em sede, “requintes” e abrangência.
Somos escravos das nossas escolhas. Colhemos o que plantamos e o que plantaram em nós.
O que podemos esperar para os próximos 10 anos?

 

Ermilo Campos Lima

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