Paula Guimarães*
Quem sente os olhos pesados, irritados ou secos no fim do dia pode estar lidando com a síndrome do olho seco sem perceber. O problema, antes associado principalmente a pessoas acima dos 50 anos, está chamando atenção também entre os mais jovens. Um estudo da Aston University, publicado na revista The Ocular Surface, revelou que até 90% dos indivíduos, entre 18 e 25 anos, relataram algum sintoma de ressecamento ocular — um dado que serve de alerta para a importância de cuidar da saúde dos olhos.
A condição ocorre quando a produção de lágrimas é insuficiente ou a qualidade não é adequada para manter a lubrificação. Como consequência, o olho fica seco, irritado e vulnerável, provocando sintomas comuns como ardência, vermelhidão, visão borrada, sensibilidade à luz e sensação de corpo estranho.Publicidade
As lágrimas têm papel essencial: lubrificam, limpam e protegem contra agentes externos e infecções. Além disso, contêm substâncias que ajudam a equilibrar o organismo e até regulam respostas emocionais. Quando esse sistema não funciona bem, o desconforto ocular se torna inevitável.
O aumento de casos entre jovens está diretamente relacionado aos hábitos modernos. Longos períodos diante de telas de computador e celular reduzem a frequência do piscar, acelerando a evaporação da lágrima. A exposição à chamada luz azul, somada ao ar-condicionado, baixa umidade e até o uso de certos medicamentos, contribuem para agravar o quadro.Publicidade
Ainda não existe consenso sobre um tempo de exposição seguro às telas. No entanto, especialistas recomendam estratégias, como a regra do 20-20-20: a cada 20 minutos, olhar para algo distante por 20 segundos. Medidas simples como essa ajudam a aliviar o cansaço visual. O uso de lágrimas artificiais também pode ser indicado, sempre sob orientação médica, já que a automedicação piora os sintomas.
O maior risco da síndrome do olho seco está na evolução para uma condição crônica, capaz de causar lesões na córnea, cicatrizes e até infecções graves que ameaçam a visão. A recomendação é clara: manter consultas oftalmológicas regulares permite identificar, precocemente, alterações oculares e escolher o tratamento mais adequado para cada caso.
*Oftalmologista
“Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Hoje em Dia”.
Fonte: Hoje em Dia









