A elevação da taxa básica de juros está impactando os negócios de vários setores. Ontem os membros do Copom aumentaram a Selic em um ponto percentual, que passou para 14,25%. As projeções indicam a Selic em 15,5% até o final do ano. Com isso, o custo do crédito se torna um obstáculo significativo para empresas e consumidores.
Quando se analisa os negócios, os mais prejudicados são os voltados para a área imobiliária, transportes e o varejo em geral.
No caso específico de imóveis, os reflexos dos juros elevados já podem ser sentidos não só na construção civil e venda imobiliária, como também no aluguel. O Índice FipeZap, que é o principal termômetro do setor, aponta um aumento de 13% nos preços dos aluguéis nos últimos 12 meses, ou mais do que o dobro da inflação oficial.
E o preço de novas locações tende a aumentar ainda mais. Acontece que a Selic em patamares elevados encarece o crédito imobiliário, afastando compradores e aquece ainda mais o mercado de aluguel. Com maior demanda e oferta reduzida, os preços dos aluguéis vão às alturas.
Na construção civil, quanto maior for a taxa de juros, mais os projetos, principalmente os destinados para a classe média, são engavetados. E isso eu já pude sentir que está realmente acontecendo em conversa com donos de construtoras paranaenses.
Por sua vez, o cenário é positivo para os investidores, diante do aumento da rentabilidade dos imóveis para locação e valorização patrimonial.
No caso do varejo e transportes, a Selic em alta é um grande empecilho para as empresas do setor, porque são mais dependentes de financiamento para adquirir insumos e infraestrutura. Ainda no varejo, as vendas tendem a cair, pois o consumidor que costuma parcelar suas compras, com o juro elevado, acaba se contendo.
Como fica a situação dos negócios que dependem de dinheiro de banco?
O cenário de juros em elevação acaba se tornando insustentável para as empresas que dependem de financiamento ou que já possuem alto endividamento.
Eu conversei com consultores de empresas e eles se mostraram preocupados, uma vez que a situação atual se traduz em aumento dos pedidos de recuperação judicial e, em casos mais graves, em decretação de falência.
É importante lembrar, que os pedidos de recuperação judicial depois de terem batido recorde em 2024, iniciaram o ano em alta. De acordo com a Serasa Experian, janeiro registrou 162 pedidos de recuperação judicial. Esse foi o maior número já registrado para janeiro desde a criação do mecanismo legal, 20 anos atrás.
Fonte: Band News Fm Curitiba