Fumaça sobe enquanto prédio residencial desaba após ataque israelense na Cidade de Gaza • REUTERS/Dawoud Abu Alkas
Israel lançou uma incursão terrestre na Cidade de Gaza, disseram duas autoridades israelenses à CNN na manhã desta terça-feira (16), horário local.
A incursão planejada começou nos arredores da Cidade de Gaza, onde o exército israelense intensificou seus ataques aéreos e acelerou a destruição de edifícios na última semana. Uma das autoridades disse que a incursão terrestre será “gradual e em fases” no início.
“Gaza está em chamas”, escreveu o Ministro da Defesa, Israel Katz, na terça-feira. Ele disse que as IDF (Forças de Defesa de Israel) estavam “atacando infraestruturas terroristas” e trabalhando para garantir “a libertação dos reféns e a derrota do Hamas”.
A incursão terrestre deveria ocorrer somente após o exército israelense forçar o esvaziamento da área urbana densamente povoada, mas apenas uma fração da população foi embora até o momento.
A ONU alertou no mês passado que os planos de Israel de invadir a Cidade de Gaza colocariam cerca de 1 milhão de palestinos que vivem lá em risco de deslocamento forçado. Na segunda-feira (15), um oficial militar israelense afirmou que cerca de 320 mil palestinos já haviam fugido da área.
A incursão começou com uma nova onda de ataques israelenses, que fez com que vítimas, incluindo crianças, fossem levadas aos hospitais lotados do território palestino.
Dezenas de civis feridos foram levados durante a noite para hospitais perto da Cidade de Gaza, incluindo o Hospital Al-Shifa e o Hospital Batista, segundo autoridades locais.
Vídeos obtidos pela CNN mostraram os corpos de vítimas chegando a hospitais no norte de Gaza. Dois adultos podem ser vistos em um vídeo gritando de dor enquanto lamentam os corpos dos filhos, cobertos por mortalhas brancas.
Em agosto, Israel aprovou um plano para tomar e ocupar a cidade, que diz ser um dos últimos redutos do Hamas.
Estados Unidos demonstram apoio a Israel
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que visitou o país na segunda-feira (15), demonstrou aparente apoio à decisão do governo israelense de abandonar as negociações de cessar-fogo e usar a força para esmagar o Hamas.
Embora os Estados Unidos desejem um fim diplomático para a guerra, “temos que estar preparados para a possibilidade de que isso não aconteça”, disse Rubio.
Ele endossou a exigência israelense de que o Hamas entregue suas armas e liberte todos os reféns restantes imediatamente, como a única maneira de encerrar a guerra.
Autoridades de saúde de Gaza relataram pelo menos 24 mortos, a maioria na Cidade de Gaza, nas primeiras horas do ataque.

No mês passado, Netanyahu ordenou aos militares que capturassem a Cidade de Gaza, que ele descreve como o último reduto do grupo militante que lançou o ataque surpresa contra Israel em outubro de 2023, que precipitou a guerra.
Grande parte da Cidade de Gaza já havia sido devastada nas primeiras semanas da guerra em 2023, mas cerca de 1 milhão de palestinos retornaram para suas casas entre as ruínas.
Expulsá-los significa que quase toda a população de Gaza ficará confinada em acampamentos ao longo da costa, mais ao sul, no que Israel chama de área humanitária.
As forças israelenses operavam nos arredores do local há semanas, aproximando-se do centro da cidade.
Um oficial de segurança israelense, em entrevista coletiva na segunda-feira (15), disse que cerca de 320 mil pessoas teriam deixado a Cidade de Gaza até o momento, enquanto cerca de 650 mil teriam permanecido.
Não foi possível verificar os números de forma independente. Milhares de moradores estão fugindo em caravanas com seus pertences.
Líderes políticos israelenses afirmam que a ofensiva faz parte de um plano para desmantelar o Hamas como organização política e armada. Netanyahu insiste que o grupo deve depor as armas e não ter nenhum papel futuro no território palestino.
As IDF (Forças de Defesa de Israel) destruiu prédios nos subúrbios da Cidade de Gaza nas últimas semanas, incluindo torres altas.
As Nações Unidas e os países que criticam as táticas de Israel afirmam que elas equivalem a um deslocamento em massa forçado e que as condições nas áreas populosas do sul, para onde os moradores estão sendo enviados, são terríveis, com pouca comida.
Alguns comandantes militares israelenses também expressaram preocupação com a operação, alertando que ela poderia colocar em risco os reféns restantes capturados pelo Hamas durante os ataques de outubro de 2023 e pode ser uma “armadilha mortal” para as tropas.
Chefe do Exército de Israel cobra Netanyahu por um cessar-fogo
O chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, em uma reunião que Netanyahu convocou na noite de domingo (14) com chefes de segurança sobre a ofensiva na Cidade de Gaza, instou Netanyahu a buscar um acordo de cessar-fogo, segundo três autoridades israelenses, duas das quais estavam presentes na reunião e uma que foi informada sobre os detalhes.
Famílias de reféns se reuniram em frente à casa de Netanyahu em Jerusalém na noite de segunda-feira, enquanto as notícias sobre a intensificação dos ataques em Gaza se espalhavam.
“Nossos entes queridos em Gaza estão sendo bombardeados pelas Forças de Defesa de Israel sob as ordens do primeiro-ministro. Ele decidiu enviar soldados das IDF para as áreas onde nossos entes queridos estão localizados, que podem ser feridos e não retornar com vida”, declarou Anat Angrest, cujo filho Matan está entre os 20 reféns que se acredita ainda estarem vivos. “Ele está fazendo de tudo para garantir que não haja acordo e para não trazê-los de volta.”
O Hamas atacou Israel em outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 251 reféns, segundo dados israelenses. Autoridades israelenses afirmam que 20 dos 50 reféns restantes em Gaza estão vivos.
O ataque militar subsequente de Israel contra o Hamas matou mais de 64 mil palestinos, informou o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto um grupo de monitoramento global da fome afirmou que parte do território palestino sofre com a fome. Israel já controla cerca de 75% de Gaza.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Fonte: CNN Brasil