Com a paciência de grandes enxadristas, chefes dos executivos estadual e municipais vão criando estratégias de contenção do contágio por coronavírus, na tentativa de reduzir a angustiante audição dos decibéis das sirenes de ambulâncias a toda velocidade.
Nesta rusga diária contra a realidade cruel, o oportunismo dos artilheiros torna-se a segunda boa virtude, com o objetivo de alcançar o sumo bem da salvação, como pode-se verificar no acerto da antecipação de feriados na Bahia, copiando o exemplo paulista.
Uma forma inteligente de enfrentar a temida e rasteira contaminação, capaz de alcançar as dimensões da legalidade e da moralidade em um só decreto, a fim de tirar as pessoas de circulação das ruas, neste arriscado período de auge do desatado sofrimento.
O anúncio foi amplamente divulgado, pois teve como recepção universo de jornalistas em ambiente digital, na entrevista coletiva concedida em tom de concórdia pelo governador da Bahia, Rui Costa, aliado ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Não fosse suficiente a satisfação de lideranças com tal grau de consciência de seu papel na polisbaiana – daí a política –, os ideologicamente antagônicos abrem mão de pressupostos rijos para unirem forças diante do poderoso inimigo, invisível e traiçoeiro.
A histórica trégua resulta em mais um tento contra o contágio, com a antecipação de feriados, entre segunda-feira, dia 25, e a sexta, 29, em Salvador, mais os municípios de Lauro de Freitas, Feira de Santana, Itabuna, Ilhéus, Ipiaú, Candeias e Camaçari. Serão transferidos o dia livre do São João, 24 de junho, e o 2 de Julho; na capital baiana, também a data de 8 de dezembro, dedicada à padroeira Nossa Senhora da Conceição.
Em guerra de táticas, na qual a paciência e o senso de oportunidade precisam estar ativos, eis aí um exemplo de como a parceria desinteressada em jogos de poder gera positiva vibração, necessária para proteger a cidadania da peste mundial.