A Bahia teve 51.595 casos prováveis (soma dos suspeitos aos confirmados) de dengue até a última terça-feira (23) deste ano. O número é 626,2% maior do que o obtido no mesmo período do ano passado, quando 7.104 casos foram registrados no estado. Até o dia 18 de junho deste ano, tinham sido registrados 40.886 casos prováveis da doença na Bahia.
Dos 417 municípios do estado, 369 realizaram notificação para a doença. Na capital foram 1934 casos prováveis de dengue neste ano contra 987 no mesmo período no ano passado. Em todo o estado foram notificados 47 óbitos por dengue, sendo 25 já confirmados, 10 descartados e 12 em investigação. O município com maior incidência das mortes é Feira de Santana, onde 11 óbitos por dengue foram confirmados, seguido de Salvador, com três mortes, e Paulo Afonso, com dois óbitos.
O Ministério da Saúde alertou que os maiores casos e epidemias das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti ocorrem entre outubro e março por conta das condições ambientais mais propícias ao desenvolvimento dos ovos. O infectologista Antônio Bandeira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destacou que o que ocorre na Bahia é “complexo” e reflete um quadro do Brasil.
“Não tivemos um aumento só na Bahia, mas também no Brasil como um todo. Temos números muito altos em São Paulo e em Minas Gerais e, além da condição climática, também temos a imunidade da população que também propicia a ocorrência desses surtos”, destacou Bandeira.
O médico ressaltou que o combate às arboviroses deve ser realizado de forma diária com o combate aos criadouros e o uso de repelente. “As autoridades devem fazer ações de prevenção contra larvas nas residências, além de orientar toda a rede de saúde para uma solução rápida e imediata da doença”, disse ele. O Ministério da Saúde ressalta que a eliminação de criadouros do mosquito é a única forma de prevenção.
Dentre os sintomas da dengue estão febre alta, dor no corpo e atrás dos olhos, além de fraqueza e vômitos. A principal complicação da dengue é a desidratação grave.
“Os médicos devem estar preparados para identificar os sinais de alarme da dengue, que são a dor na barriga com forte intensidade, vômitos, sangramentos, dentre outros sintomas. É importante que os profissionais façam a identificação para que uma hidratação seja realizada de forma rigorosa”, destacou Bandeira.
Para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) emitiu um alerta em janeiro deste ano sobre o alto índice da dengue e solicitou que os municípios realizassem mutirões de limpeza, atividades de vistoria e remoção de focos, além de caminhadas de conscientização e distribuição de materiais informativos. Repelentes também foram distribuídas para as gestantes.
Entre novembro e dezembro de 2018 a Sesab distribuiu 7.400 kits para serem utilizados pelos agentes de controle de endemias dos 417 municípios do estado.
Cada kit é composto de 6 itens, como pesca larva, pipetas de vidro, tubos de ensaio, álcool, esponja, lanterna de led recarregável, bacia plástica, dentre outros materiais.
Salvador
A coordenadora de ações de combate ao Aedes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Isolina Miguez, destacou que diversas medidas foram tomadas pela pasta no enfrentamento ao mosquito. Dentre elas elas cita a visita a casas e a realização de bloqueios de transmissão.
Isolina Miguez destacou que os bairros da Federação, Vila Canária, Boca do Rio, Pernambués e Curuzu estão com casos aglomerados e, por isso, estão recebendo ações mais intensificados para evitar que uma epidemia ocorra em Salvador.
“O mosquito entra na casa das pessoas pelo menos quatro vezes ao ano durante o ciclo de visita domiciliar. Quando notamos que o número de arbovirose estava aumentando no estado e no país, começamos a intensificar as ações na cidade”, afirmou.
O bloqueio de transmissão ocorre ao redor de pessoas que tenham notificado a dengue. Agentes de saúde fazem um bloqueio focal em um raio de 50m da casa da pessoa com aplicação de inseticida, caso necessário. Até mesmo em caso de rumores da doença, a SMS fazia o bloqueio.
Mutirões de limpeza em parceria com a Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) também estão sendo realizadas no município.
“Nós precisamos que a população se una contra o mosquito porque 90% dos mosquitos são intradomiciliares, então as pessoas precisam olhar para as suas casas e as de seus vizinhos. Denúncias podem ser feitas no telefone 156 e nós mandamos agentes para campo”, destacou a coordenadora.
Brasil
O último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde sobre dengue refere-se até o dia 15 deste mês. Até lá, teve um incremento de 606,8% no número de casos prováveis no país neste ano quando se compara ao mesmo período do ano interior.
Na taxa de incidência de casos prováveis, onde se define o número de casos por 100 mil habitantes, destacam-se Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Distrito Federal, Tocantins, São Paulo e Acre como os estados com maior incidência da dengue. A Bahia é o 12º estado com maior incidência da dengue com 331,7 casos para cada 100 mil habitantes.
Esse valor é calculado utilizando-se o número de casos novos prováveis dividido pela população do estado e dividido ainda por 100 mil habitantes.
Arboviroses
Outra arbovirose registrou um aumento de notificações na Bahia: a zika. Até a última terça-feira (23), foram 1386 casos prováveis de zika no estado. No ano passado, foram 1.032 casos prováveis. Houve um aumento de 34,3% de casos neste ano. Não há registro de óbitos neste período. Em Salvador foram 75 casos neste ano contra 48 no mesmo período de 2018.
Já para a chikungunya houve uma redução nos casos notificados neste ano em 16,4%. Foram 2.789 casos prováveis até a última terça-feira (23) contra 3.338 no mesmo período de 2018. Até o momento, são sete óbitos por chikungunya. Em Salvador, o número de casos de chikungunya cresceu. Foram 221 casos nos primeiros seis meses do ano contra 51 no mesmo período do ano passado.
Apesar de ter divulgado do boletim com os dados das arboviroses, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) não disponibilizou à reportagem uma fonte para falar sobre o aumento da incidência de dengue no estado.
Ações para acabar com os focos do mosquito Aedes:
1 – Mantenha bem tampados caixas, tonéis e barris de água.
2 – Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada.
3 – Não jogue lixo em terrenos baldios.
4 – Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha-as sempre com a boca para baixo.
5 – Não deixe a água da chuva acumular sobre a laje e calhas entupidas.
6 – Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda.
7 – Se for guardar pneus velhos em casa, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva.
8 – Limpe as calhas com freqüência, evitando que galhos e folhas possam impedir a passagem da água.
9 – Lave com freqüência, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água, pelo menos uma vez por semana.
10 – Os vasos de plantas aquáticas devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com freqüência.
11- Piscinas e fontes decorativas devem ser sempre limpas e ‘cloradas’.
12- Sempre que possível evite o cultivo de plantas como bromélias ou outras que acumulem água em suas partes externas.
Fonte: Correio On Line