Brasil pouco investe em seus alunos e pouco valoriza educadores

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Ângela Mathylde Soares*

O Brasil lida com problemas na educação há muitos anos, seja com a infraestrutura, qualidade do ensino e, até mesmo, o investimento aplicado em cada aluno, segundo dados do relatório Education at Glance 2025. O levantamento aponta um gasto nacional muito baixo, se comparado a outros países no mundo, mais ricos e desenvolvidos.

De acordo com esses números, o Brasil gasta, aproximadamente, US$ 3.872 com cada um dos alunos matriculados nas redes de educação pública, enquanto outros países investem uma média de US$12.438 – com valores calculados conforme a paridade de poder de compra de cada localidade.Publicidade

O valor é 31% menor que o das outras nações que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – foro internacional que reúne economias avançadas para promover políticas de desenvolvimento econômico, social e prosperidade, através do estabelecimento de padrões, pesquisas e trocas de experiências – o que coloca o país em 4° lugar entre os menores investidores por aluno, dentre todos os avaliados, estando acima apenas da Turquia, África do Sul e México.

A situação é considerada bastante séria, uma vez que o estudo também apresenta a realidade dos valores destinados a estudantes no ensino superior, não muito distante daqueles no ensino básico – diferente da maioria dos países ricos, que destina a maior parte do dinheiro a esse grupo, junto dos recursos destinados para pesquisa e desenvolvimento.

Assim, essas nações gastam, em média, US$15.102 dólares com seus alunos de ensino superior, um valor 21,4% maior que o período básico, já o Brasil, segue na contramão, gastando 2,8% a menos que o básico – aproximadamente US$3,765.

Os grandes interesses por trás dos investimentos na área da educação são diversos, variando entre o impulsionamento do desenvolvimento pessoal, a promoção de igualdade de oportunidades de emprego e salário, contribuir para o crescimento econômico dos cidadãos e, consequentemente, o país, formando cidadãos mais informados, críticos e capazes de contribuir com a formação da sociedade. 

É por esse motivo que os gastos na área são tão cobrados, mas fatores como a corrupção, má gestão, prioridades orçamentárias, pouca infraestrutura e a desvalorização de professores, com baixa remuneração por seus trabalhos, atrapalham o caminho para o desenvolvimento.

O salário dos professores foi mais uma questão analisada pelo documento, reafirmando uma realidade já conhecida nacionalmente de desvalorização da classe. Os números destacam que o Brasil se encontra na terceira colocação com os piores salários pagos, melhor apenas que a Grécia e Eslováquia. 

Os docentes brasileiros do ensino fundamental (entre o 6° e 9° ano), recebem em média US$24.526 ou R$132 mil ao ano, um valor que equivale a 52% da média dos países da OCDE, que é de 47.339 ao ano – ou R$237 mil. Para se ter ideia, a média brasileira é equivalente a menos de um quarto dos valores de Luxemburgo – com maior remuneração inicial – que é de US$ 99.621. O mesmo cálculo de paridade foi utilizado para chegar a esses dados, considerando eventuais bonificações e o 13° salário.

As pesquisas como essa servem para ajudar os governantes a compreenderem pontos frágeis em seus planos e que, através disso, possam trabalhar em novas ideias e mudanças para melhorar a situação. Contudo, para tal, não basta apenas o interesse dos mesmos, a população deve também lutar por seus direitos e cobrar por melhorias. A educação é a base de uma nação e deve ser tratada com seriedade.

* Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga 

“Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Hoje em Dia”.

Fonte: Hoje em Dia

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