Refrigerante Zero Crédito: Shutterstock
Os refrigerantes zero, apesar de serem vistos há décadas como opções “mais leves” por quem tenta cortar calorias, estão cada vez mais longe da imagem de bebida inofensiva. Estudos e especialistas têm apontado que, mesmo sem açúcar, essas versões podem provocar efeitos indesejados no organismo – do aumento do apetite ao prejuízo metabólico.
Uma das evidências mais recentes veio de um estudo apresentado em outubro, durante a Semana Europeia de Gastroenterologia, organizada pela Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal. A pesquisa relacionou o consumo de bebidas adoçadas artificialmente a um aumento de 60% no risco de desenvolver esteatose hepática, a gordura no fígado. Segundo os autores, picos de glicose e insulina desencadeados por esses produtos podem alterar o funcionamento metabólico e comprometer a saúde hepática.
Os impactos, porém, vão além do fígado. A presença constante do sabor doce – mesmo sem calorias – mantém o paladar condicionado, favorecendo a chamada “compensação calórica”: a pessoa acaba consumindo mais em outras refeições. Para a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Einstein, “o fato de não conter açúcar e nem calorias não o transforma em uma bebida saudável ou segura”. Ela ressalta ainda que refrigerantes, com ou sem açúcar, não oferecem vitaminas, minerais ou compostos bioativos, e podem substituir alimentos mais nutritivos, empobrecendo a dieta.

Refrigerantes podem aumentar o risco de câncer de fígado em 85% por Imagem: banco de imagens
Na prática, essas bebidas também não contribuem para a hidratação. Por serem ultraprocessadas, contêm aditivos, corantes e compostos químicos, o que contraria a crença de que a versão zero poderia equivaler a água. A saúde bucal e óssea também pode sofrer: “Por conterem aditivos acidificados e valores mais baixos de pH, o consumo prolongado pode levar ao desgaste dentário e aumentar o risco de cáries”, explica Rasteiro. Já o ácido fosfórico, presente nos refrigerantes de cola, está associado à redução da densidade óssea.
Grande parte dessas consequências está ligada aos adoçantes artificiais usados para garantir o sabor doce sem calorias. Embora não sejam metabolizados pelo corpo, eles podem desencadear respostas fisiológicas — como liberação de insulina — pela simples percepção do paladar. “Evidências recentes indicam que esses compostos podem afetar negativamente o metabolismo, alterando a microbiota intestinal e impactando a forma como o corpo gerencia glicose e gordura”, afirma a nutricionista. Os efeitos variam conforme o tipo e a quantidade ingerida. Em 2023, a OMS classificou o aspartame como “possivelmente carcinogênico para humanos” e recomenda não ultrapassar 40 mg por quilo de peso por dia.
Por isso, a orientação de especialistas é clara: com ou sem açúcar, refrigerantes devem ser evitados. O Guia Alimentar para a População Brasileira sequer estabelece uma porção recomendada. Para quem deseja reduzir o consumo, a saída passa pela reeducação alimentar e pela diminuição gradual do sabor doce na rotina, sempre com acompanhamento profissional. “Manter o alto consumo do sabor doce dessas bebidas, mesmo isentas de calorias, vai dificultar a reeducação do paladar e potencialmente manter o consumo de outros doces”, reforça Rasteiro. A nutricionista lembra ainda que o gosto doce, sem a chegada real de glicose, “pode levar à busca de energia em outros alimentos, aumentando a procura por mais doces a longo prazo”.
Como alternativas, preparos naturais como água de coco, chás gelados e águas saborizadas ajudam na transição. Mesmo assim, Rasteiro destaca: “Primeiramente, devemos lembrar que a água é a melhor opção. Porém, existem diversas bebidas que podem ser consumidas sem gerar prejuízos como os refrigerantes”.
Confira três receitas:
1. Água saborizada de limão e hortelã
Ingredientes: 500 ml de água (pode ser com gás para efeito efervescente); suco de ½ limão espremido na hora; algumas fatias de limão; folhas de hortelã fresca a gosto; gelo a gosto.
Modo de Preparo: Misture todos os ingredientes em um copo ou jarra e deixe em infusão por pelo menos 10-15 minutos na geladeira.
2. Chá gelado de hibisco e canela
Ingredientes: 500 ml de água; 1 colher de sopa de flores de hibisco secas; 1 canela em pau; rodelas de gengibre fresco a gosto.
Modo de Preparo: Ferva a água e adicione a canela e o gengibre, deixando ferver por alguns minutos. Desligue o fogo, adicione o hibisco e tampe, infusionando até esfriar. Coe a bebida, adicione gelo a gosto.
3. Refresco de maracujá
Ingredientes: polpa de 1 a 2 maracujás grandes (peneirada, se preferir); água com gás gelada; algumas folhas de hortelã (opcional); gelo a gosto.
Modo de Preparo: Em um copo, misture a polpa de maracujá com a água com gás gelada, a hortelã e o gelo.
Fonte: Jornal Correio









