Terras descongeladas podem emitir gases que matarão a humanidade

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Descongelamento atinge vários pontos da terra Crédito: Shutterstock

O aumento constante das temperaturas no planeta está descongelando o permafrost, um tipo de solo que permanece congelado por anos seguidos e é encontrado em regiões frias como Sibéria, norte do Canadá e Alasca. As informações são da CNN Brasil. 

Especialistas, entre eles o meteorologista Carlos Nobre, alertam que o degelo desse solo pode liberar grandes volumes de gases de efeito estufa, potencializando o aquecimento global e ameaçando a habitabilidade do planeta para os seres humanos.

O permafrost acumula carbono orgânico proveniente de plantas e outros organismos que não se decomporam completamente antes de serem congelados. Quando o gelo derrete, essa matéria entra em decomposição, liberando metano e dióxido de carbono. O metano, em particular, é um gás cerca de 28 vezes mais potente que o CO₂ na retenção de calor na atmosfera.

Segundo Nobre, caso a temperatura média da Terra ultrapasse 2 °C até 2100, mais de 200 bilhões de toneladas desses gases podem ser liberadas, alimentando um ciclo de aquecimento contínuo.

Um estudo recente da revista Nature Geoscience apontou que o problema pode ser ainda mais grave do que se pensava. Pesquisadores analisaram sedimentos profundos de lagos árticos, como o Lago Goldstream, no Alasca, e constataram que o permafrost embaixo de algumas dessas águas já descongelou completamente.

O derretimento da cobertura de gelo e neve desses lagos aumenta a atividade de microrganismos nos sedimentos. Em ambientes sem oxigênio, esses microrganismos decompõem a matéria orgânica e liberam metano e CO₂ em quantidades comparáveis às emissões da superfície, mas com impacto climático ainda maior.

Além de intensificar o aquecimento, o degelo do permafrost pode provocar extinções em massa, colapso de ecossistemas, eventos climáticos extremos como inundações, ondas de calor e secas, elevação do nível do mar e transformar grandes áreas da Terra em regiões inabitáveis.

O estudo também destaca que os lagos formados pelo degelo, chamados lagos termocásticos, podem continuar emitindo gases por séculos ou até milênios, mesmo que a temperatura se estabilize. Isso significa que os efeitos do degelo podem persistir muito além de qualquer redução nas emissões humanas.

Para Carlos Nobre, manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C, conforme estipula o Acordo de Paris, é crucial. “Se passarmos desse limite, os impactos podem ser irreversíveis. A Amazônia, por exemplo, pode perder até 70% de sua área até o final do século”, alerta.

Fonte: Jornal Correio

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