Sabe aquela sua camisa do time de coração que já virou “velha”, só um ano depois de ter sido lançada? Pense bem o que vai fazer com ela antes de jogá-la fora. Os números do lixo da “moda da bola” impressionam. A indústria dos artigos esportivos, em especial do futebol, está em xeque hoje por seu impacto na Terra. Sejam essas camisas originais ou piratas.
Indústria bilionária, com Europa no poder
Vender muitas camisas é um gol “obrigatório” no mundo da bola. O mercado global de roupas do futebol atingiu 73,3 bilhões de euros (hoje R$ 466,6 bilhões) em 2022, e deve chegar a 101 bilhões de euros em 2028. A Europa deverá ser responsável por 55% desse crescimento.
Camisas de futebol são populares dentro e fora dos estádios. Não saem de moda. Quanto mais modelos, melhor — pelo menos para os clubes, fornecedores e patrocinadores. O Napoli, por exemplo, teve 13 camisas diferentes em 2021/22. É um modelo de negócio baseado em cada vez mais volume, crescimento infinito. Teoricamente.
O consumo de roupas ligadas ao futebol deve aumentar 63% até 2030.
A venda de produtos licenciados representa de 10% a 20% de todas as receitas dos 20 clubes mais ricos da Europa. Quem mais arrecada com a venda de camisas e merchandising em todo o mundo é o Real Madrid (que também é o de maior receita total, mais de um bilhão de euros).
O clube espanhol arrecadou 196 milhões de euros, ou R$ 1,2 bilhão, com uniformes em 2023/24, segundo relatório da Uefa. O documento não diz quantas peças foram vendidas.
Top 5 maiores receitas com camisas:
- Real Madrid – 196 milhões de euros
- Bayern de Munique – 171 milhões de euros
- Barcelona – 171 milhões de euros
- Liverpool – 146 milhões de euros
- Manchester United – 146 milhões de euros
* Fonte: Uefa (2024)
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Real Madrid é o clube que mais fatura dinheiro com a venda de camisas no mundo — Foto: Getty Images
O mercado de produtos esportivos no Brasil, incluindo acessórios, calçados e vestuário, gera cerca de 400 milhões de peças originais por ano. O ge conversou com profissionais de clubes do Brasileirão que lidam com a produção de camisas. No geral, são três meses para o desenvolvimento de um novo uniforme, do conceito até o desenho final.
Depois da definição, são mais três meses para a modelagem na fábrica até a criação da peça piloto. O passo seguinte é levá-la para o mercado, e as lojas fazem os pedidos. O clube também encomenda o chamado “enxoval” para a sua fornecedora de material esportivo.
Esse enxoval, com roupas de viagem, aquecimento, treino e jogo, conta com até 30 mil peças por ano, em média. Isso inclui também short e meião. A cada partida, o clube organiza 75 uniformes, e cada atleta costuma ficar com duas camisas.
Um clube da Série A do Campeonato Brasileiro e de projeção nacional conta com três uniformes por ano: modelos 1, 2 e 3. Em média, são produzidas 80 mil camisas de cada modelo para cada clube, por ano. Isso dá um total de 240 mil novas camisas a cada temporada. Os números são maiores para Flamengo e Corinthians, dado o tamanho de suas torcidas.
Camisas de futebol são, no final das contas, itens icônicos e que geram muito dinheiro. E também muito desperdício. Mais de 500 bilhões de dólares (R$ 2,8 trilhões) em valor de produto são perdidos a cada ano, por camisas não aproveitadas ou não recicladas. Uniformes só costumam “viver” por 10 meses, antes da chegada de um novo modelo.
Fonte: Globo Esporte