Bares e restaurantes demitem 1 milhão e fecham 20% dos negóciosE

0
298

Estimativa é de associações que representam o setor, que reunia, até março, 1 milhão de pontos comerciais e empregava 6 milhões de trabalhadores

*Rede Coco Bambu passou a ter drive-thru para enfrentar o período de pandemia*

Mesmo com inovações como drive-thu ou venda de créditos antecipados para clientes consumirem após a crise, bares e restaurantes não conseguiram evitar demissões. Desde o início da quarentena para enfrentar o avanço do coronavírus no país, as associações que representam o setor estimam que ao menos 1 milhão de empregos formais já foram extintos.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) afirma que 20% dos bares e restaurantes do país já fecharam as portas em definitivo, após as medidas de isolamento social. O setor reunia até março quase 1 milhão de pontos comerciais e empregava cerca de 6 milhões de trabalhadores, sendo 3 milhões de empregos formais.

Uma pesquisa feita pela ANR (Asscociação Nacional dos Restaurantes), que tem 9 mil pontos comerciais no Brasil associados, aponta que 76,11% dos restaurantes já precisaram demitir desde o início da crise.

“Estamos enfrentando uma crise sem precedentes. Os estabelecimentos estão fechados, sem capital de giro e com muitas dúvidas sobre a questão da reabertura. Além disso, nosso setor é formado por muitas pequenas e médias empresas, que possuem pouco acesso ao crédito”, afirma Cristiano Melles, presidente da ANR.

Salários de maio

Para o pagamento das contas em maio, a maioria dos donos de restaurantes e bares afirmou recorrer a acordo previsto pela MP dos Salários. A medida provisória autorizou suspensão de contratos ou redução de jornada e salários, com compensação paga pelo governo federal, para o enfrentamento da crise econômica trazida pela pandemia de covid-19.

Segundo o levantamento da ANR, 75,89% dos empresários afirmaram que iriam usar esse acordo para a folha de pagamento do mês de maio. Já 14,29% iriam buscar crédito para o pagamento das contas. Apenas 9,82% afirmaram que pagariam normalmente os salários de maio. Em março, o índice dos que conseguiram pagar 100% da folha de pagamento havia sido de 76,99%.

O porcentual dos restaurantes que, além de demitir, também já encerraram as atividades definitivamente chegou a 11,6%, segundo pesquisa da ANR.

Para 78,57% dos empresários entrevistados, eles vão conseguir manter o seu negócio após a pandemia. Perguntados sobre o faturamento, 65% afirmaram ter registrado queda acima de 70%. No ano passado, o faturamento dos restaurantes brasileiros somou R$ 400 bilhões.

Para 59,29%, o delivery já era uma prática normal, mas 40,71% dos estabelecimentos não trabalhavam com sistema de entrega e tiveram que se adaptar. Só 12,73% conseguiriam manter o negócio com portas fechadas e só delivery por mais de dois meses.

Dificuldade na retomada

Restaurantes como a rede Coco Bambu apostaram em drive-thru, medida antes comum em lanchonetes de fast-food. Outra inovação adotadas por bares e restaurantes foi a venda de créditos antecipados. Os vouchers poderão ser usados como desconto na conta do cliente quando o isolamento social acabar e os comércios reabrirem.

Mesmo assim, eles deverão encontrar dificuldade até mesmo na retomada da economia. Os restaurantes fazem parte do setor de serviços que, segundo o Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, é segmento que deve demorar mais para se recuperar após a crise da pandemia. Os efeitos poderão durar, em média, 10,8 meses, ou seja, se estenderão até 2021.

Tobler afirma que a alimentação fora de casa, assim como viagem, hotel, cabeleireiro, por exemplo, não tem uma compensação, não tem como estocar, não tem como recuperar. “A pessoa não vai duas vezes cortar o cabelo ou ao restaurante porque deixou de fazer durante a pandemia”, explica Tobler.

É o setor com previsão mais pessimista para a duração dos problemas, incluindo o período de impacto direto e o tempo necessário para os negócios se recuperarem após, como mostrou um recorte especial das pesquisas de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgado na semana passada.

Ana Vinhas, do R7

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here