Raquel Saraiva*
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A saúde na Bahia está em alerta para doenças como sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite e infecções pneumocócicas, como meningite e bacteremia (bactéria no sangue). O motivo é a baixa vacinação. No total, 75 municípios do estado têm menos de 50% da população-alvo imunizada para ao menos uma dessas doenças, que incluem ainda difteria, tétano, pneumonia e otite.
Anteontem, o Ministério da Saúde divulgou a lista dos 312 municípios que tiveram menos de 50% das crianças de até 1 ano vacinadas contra a poliomielite em 2017 – dentre eles, 63 são baianos. Ribeira do Pombal tem a menor cobertura do país: apenas 0,5%. O município rebateu, afirmando que pode ter havido erro na transmissão dos números.
Na Bahia, 47 municípios têm menos de 50% das crianças de até 1 ano imunizadas pela vacina Pneumocócica, que protege contra 70% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em crianças, causadas por dez tipos de bactérias classificadas como pneumococos.
Em relação à vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções, 68 municípios têm menos de 50% do público-alvo imunizado. Em 53 municípios do estado, menos da metade do público-alvo foi imunizado contra sarampo, rubéola e caxumba com a vacina D1 Tríplice Viral. Os números são do Sistema de Imunização do SUS (DataSUS) e foram atualizados em fevereiro de 2018.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), os índices de vacinação abaixo de 50% para essas dez doenças é o menor em, pelo menos, dez anos.
Já a meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% do público-alvo. Considerando essa meta, os dados mostram que a cobertura para quatro tipos de vacina também não está adequada na Bahia: a cobertura de imunização em 2017 foi de 78,1% para poliomielite, 85,1% para a tríplice viral, 78% para pentavalente e 84,4% para pneumocócica.
De acordo com a coordenadora de vigilância epidemiológica de Ribeira do Pombal, Ana Verena Andrade, existe “algum erro na transmissão dos números”. “Há uma equipe de saúde da família que faz o acompanhamento de vacinas na cidade. Além disso, recebemos a quantidade de vacina necessária para a população. Então, esses dados foram errados para o Ministério da Saúde”, argumentou, sobre a cobertura para poliomielite.
Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o sistema de informação sobre os dados de imunização tem que estar implantado em todos as salas de vacina do estado.
“Pode haver pequenas discrepâncias, mas uma diferença dessa deve ser analisada. Vamos verificar se o município está com o sistema de informação de imunização implantado e alimentado regularmente, porque é um compromisso acordado entre as três esferas de gestão. O estado tem atuado na supervisão. Se isso não está acontecendo, deve ser revisto pelo gestor municipal”, afirma Ramon Saavedra, coordenador estadual de imunização.
Segurança
Dentre os fatores que contribuem para a mais baixa procura por vacinas nos últimos dez anos está a diminuição ou erradicação das doenças, segundo o coordenador.
“Ao que parece, a percepção de risco da população tem diminuído nos últimos anos pela falta de convívio com essas doenças, o que gera uma falsa sensação de segurança. É como se a vacina fosse vítima do seu próprio sucesso – se hoje não temos poliomielite, sarampo e temos poucos casos de caxumba, é porque as vacinas foram efetivas quando implantadas no calendário de vacinação”, diz Ramon Saavedra.
Contra a pólio, por exemplo, o Ministério da Saúde inicia, no dia 6 de agosto, a campanha nacional de vacinação.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Saúde confirmou mais um caso de sarampo – o sétimo no estado. Uma mulher de 29 anos, moradora do município de Vacaria, teve contato com um dos casos anteriormente confirmados em Porto Alegre e foi infectada. Um outro caso suspeito da doença, identificado na capital gaúcha, segue em investigação. A primeira notificação de sarampo no Rio Grande do Sul, em março, foi em uma criança de 1 ano, não vacinada, que vive em São Luiz Gonzaga e que se contaminou em uma viagem à Europa, onde há um surto da doença.
O infectologista Claudilson Bastos, do laboratório Sabin, ressalta que, atualmente, esse risco de adquirir doenças infectocontagiosas é maior por causa da facilidade de deslocamento entre diferentes estados e países. Embora a vacinação seja gratuita – atualmente o SUS disponibiliza 42 imunobiológicos – muitas pessoas não estão imunizando seus filhos deliberadamente.
“A vacina é prevenção. A criança pode estar com saúde agora, mas a vacina previne doenças que podem acontecer e que podem ser muito graves. O sarampo, por exemplo, pode matar, e os riscos de ter reação vacinal são muito menores”, explica ele.
* Com supervisão da editora Mariana Rios